Autores: Maria Eduarda Brandão, Raphaela A. Duarte Silveira, Raphaela Alt Müller e Douglas F. Peiró
Tubarão-galha-branca-oceânico, Carcharhinus longimanus. Observe a coloração branca na ponta da nadadeira dorsal, característica exclusiva da espécie. Fonte: OldakQuill/Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0 DEED).
QUEM É O TUBARÃO-GALHA-BRANCA-OCEÂNICO?
Cientificamente conhecido como Carcharhinus longimanus, é uma espécie de elasmobrânquio que está presente em todas as bacias oceânicas tropicais e subtropicais. Mas o que o diferencia dos outros tubarões? Seu nome “galha branca” refere-se ao padrão distintivo de manchas brancas nas extremidades das nadadeiras. Outra característica marcante são suas nadadeiras peitorais muito longas, largas e arredondadas.
Por ser uma espécie oceânica, há poucos estudos realizados sobre a sua distribuição, abundância, comportamento alimentar e reprodutivo. No entanto, é possível afirmar que se trata de uma espécie frequentemente capturada na pesca de atum (Thunnus sp.) e espadarte (Xiphias gladius) com o uso de espinhel pelágico. Portanto, a principal ameaça à espécie é a sobrepesca.
BIOLOGIA E ECOLOGIA
Por trás da sua figura intimidante, o galha-branca esconde uma biologia admirável. Com uma musculatura bem desenvolvida, esse tubarão pode chegar até 3,5 metros de comprimento. Mas não se deixe enganar pela sua aparência intimidante!
Embora sejam predadores ágeis, possuem uma dieta variada, composta principalmente por peixes ósseos e cefalópodes oceânicos. No entanto, a preferência por habitats oceânicos e a rara aparição próxima à costa os coloca em constante luta contra a escassez de alimentos, tornando-os, por vezes, muito curiosos com eventuais presas que não fazem parte da sua dieta principal.
Uma característica de destaque da espécie é a sua capacidade de regulação da temperatura corporal, podendo transitar das regiões mais quentes até as mais frias. Além disso, esses tubarões desempenham um papel crucial nos ecossistemas marinhos. Como predadores de topo da cadeia alimentar, os tubarões regulam as populações de presas, essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas marinhos. Portanto, sua ausência pode causar desequilíbrios e afetar todo o ambiente oceânico.
A faixa horizontal em azul representa a distribuição do tubarão-galha-branca-oceânico, presente em regiões tropicais e subtropicais. Fonte: Maplab/Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0).
ESTUDOS RECENTES
Estudos realizados nas Bahamas e em Papua Nova Guiné ofereceram valiosas informações sobre a biologia e ecologia desses tubarões. Nas Bahamas, pesquisadores marcaram e rastrearam 11 fêmeas e um macho, revelando padrões complexos de movimento horizontal e vertical.
Descobriu-se que, após um período inicial de residência relativamente próxima ao local de marcação, alguns indivíduos realizaram movimentos de longa distância, enquanto outros permaneceram na área por todo o período de rastreamento.
Surpreendentemente, alguns tubarões demonstraram um comportamento de "filopatria", retornando à área de marcação após longos períodos de movimentação. Além disso, os tubarões foram observados realizando mergulhos profundos na zona mesopelágica, indicando uma exploração diversificada de habitats relacionados, também, à profundidade.
Enquanto isso, em Papua Nova Guiné, outro estudo analisou amostras de tubarões capturados por pescarias locais para estimar idade, crescimento e maturidade. Os resultados revelaram que o tubarão-galha-branca-oceânico é uma espécie de crescimento lento e maturidade tardia, com variação regional nos parâmetros de história de vida.
Essas descobertas destacam a importância de entender as características biológicas e comportamentais dos tubarões-galha-branca-oceânicos para possibilitar o manejo da espécie.
AMEAÇAS
Apesar de sua importância, o tubarão-galha-branca-oceânico encontra-se classificado como criticamente ameaçado em nível global. Isso ocorre devido ao declínio populacional causado pela maturidade sexual tardia da espécie, isolamento genético, susceptibilidade à captura/sobrepesca, escassez de alimento e perseguição direta. Portanto, é necessário a realização de estudos que investiguem a sua dieta, ainda pouco conhecida. Além do mapeamento das áreas de reprodução da espécie para que as ações de conservação sejam efetivas.
Bibliografia
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