Autores: Marcus Farah, Julia R. Salmazo, Thais R. Semprebom e Douglas F. Peiró
Baleia-azul (Balaenoptera musculus) nadando. Fonte: NOAA/Good Free Photos (Domínio Público).
Algumas espécies de baleias são os maiores animais do planeta, pesando dezenas, ou até centenas de toneladas. É o caso da baleia-azul (Balaenoptera musculus), que pode chegar a 150 toneladas e 33 metros de comprimento, sendo o maior animal que existe, ou já existiu, na Terra.
Assim como os golfinhos, as baleias são mamíferos marinhos pertencentes à ordem dos cetáceos (ordem Cetacea), que são os mamíferos mais bem adaptados à vida no meio aquático, tendo uma estrutura corporal totalmente especializada a este ambiente, com representantes em todos os oceanos.
Seu corpo é longo e hidrodinâmico, seus membros foram adaptados a nadadeiras e seu orifício respiratório está localizado na parte superior da cabeça, o que facilita que subam para respirar sem tirar o corpo da água, pois, assim como todos os mamíferos, os golfinhos e baleias também precisam respirar ar atmosférico.
Orca (Orcinus orca) na Noruega. Ao contrário do que muitos pensam, a orca é mais próxima dos golfinhos (Odontoceti: Família Delphinidae) do que das baleias com barbatanas (Mysticeti). Fonte: gentilmente cedida por Cristian Dimitrius, 2017 ©.
Os cetáceos são divididos em duas subordens: Odontoceti, que reúne os golfinhos e baleias com dentes, como a orca e a cachalote, e Mysticeti, que reúne as baleias verdadeiras, que não possuem dentes, mas sim barbatanas, como a própria baleia-azul e a baleia-jubarte. Os misticetos, apesar de seu grande tamanho, se alimentam de pequenos animais, como o plâncton e o krill.
As baleias são animais migratórios, capazes de nadar por milhares de quilômetros entre suas áreas de alimentação e de reprodução. Algumas espécies, inclusive, podem ser encontradas aqui no Brasil, em determinada época do ano.
BALEIA-JUBARTE (Megaptera novaeangliae)
Baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) nadando em Tonga. Fonte: gentilmente cedida por Cristian Dimitrius, 2018 ©.
A baleia-jubarte pode chegar a medir 16 metros de comprimento e pesar até 40 toneladas. Sua coloração é escura, com a região ventral completamente branca ou com algumas manchas. As nadadeiras peitorais são longas, medindo cerca de 1/3 do comprimento total do corpo. A nadadeira dorsal é pequena, baixa e localizada após a metade do dorso.
Passam o verão se alimentando nas águas geladas da Antártica e migram no inverno, por volta de junho e julho, para águas tropicais, para acasalar e dar à luz seus filhotes. Muitas vêm parar no litoral brasileiro, mais especificamente na costa nordeste do país, permanecendo aqui até os meses de novembro e dezembro, quando retornam à sua área de alimentação, na Antártica. Podem ser avistadas em grupos ou apenas a mãe com o filhote.
O Parque Nacional Marinho de Abrolhos, no litoral da Bahia, é o maior berço reprodutivo das jubartes no Oceano Atlântico Sul ocidental. Anualmente, cerca de 20 mil indivíduos podem ser encontrados no litoral baiano.
Devido ao Brasil ser uma importante zona reprodutiva e à pressão que as baleias sofreram até o século passado por conta da caça, em 1988 foi criado o Projeto Baleia Jubarte, sediado na Bahia e com o objetivo de estudar e proteger a espécie. A proibição da caça, os trabalhos do Projeto Baleia Jubarte e de outros projetos de conservação fizeram com que houvesse um aumento da população desses animais no litoral do país tirando, em 2014, a espécie da lista de espécies ameaçadas de extinção. Foi uma grande conquista para a conservação marinha no Brasil.
Os milhares de indivíduos que visitam o litoral nordestino atraem muitos turistas que querem ver de perto esses gigantes do oceano. Por conta disso, hoje é comum na região a prática do turismo embarcado de observação de baleias (whale watching), que movimenta a economia local, gerando empregos, trazendo muitos benefícios para a comunidade e ajudando a sensibilizar a população por meio da educação ambiental, ferramenta indispensável para a conservação ambiental.
BALEIA-FRANCA (Eubalaena australis)
Baleia-franca (Eubalaena australis) nadando. Fonte: Oregon State University/Flickr (CC BY-SA 2.0).
A baleia-franca pode chegar a medir 17 metros e pesar em média 50 toneladas, podendo chegar a 100 toneladas. À distância, vista da superfície, pode ser confundida com a jubarte, tendo como principais diferenças a ausência de uma nadadeira dorsal e a presença de calosidades na cabeça, típicas dessa espécie.
Calosidades da baleia-franca (Eubalaena australis). Fonte: Adtormena/Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0).
Assim como a jubarte, a baleia-franca também tem a Antártica como área de alimentação no verão, migrando para o Brasil no inverno para se reproduzir. A diferença é que enquanto as jubartes se concentram no nordeste do país, as francas permanecem principalmente na região sul, mais especificamente no litoral de Santa Catarina.
A baleia-franca, diferente de outras baleias, possui hábitos costeiros, permanecendo próxima à costa, em águas rasas e abrigadas, que fornecem proteção e facilitam na criação de seus filhotes durante os primeiros meses de vida.
Quando a caça era liberada, a baleia-franca era um alvo fácil, devido ao hábito de ficar boiando próximo à costa e ao seu grande tamanho e corpo massivo, que a tornam lenta, facilitando o trabalho dos caçadores. Por isso, ela foi apelidada de “Right Whale”, ou “baleia certa”, que significa que era a baleia certa para matar. A pressão da caça foi tão grande que a espécie chegou a ser considerada extinta no Brasil.
Com a criação do Projeto Baleia Franca, em 1982, e a proibição da caça, em 1987, as baleias-francas voltaram a aparecer em águas brasileiras, e sua população começou a se recuperar lentamente, ainda estando ameaçada de extinção. Cerca de 100 a 120 baleias-francas visitam a Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, em Santa Catarina, anualmente.
O turismo de observação de baleias, na região, só é permitido por terra, garantindo que as mães e seus filhotes não sejam perturbados por embarcações e deixem a área. O que não é um problema, pois devido a seus hábitos costeiros, elas são facilmente avistadas da praia.
Baleia-de-bryde (Balaenoptera edeni) com a cabeça para fora d’água. Fonte: Zejulio/Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0).
Apesar da franca e da jubarte serem as mais conhecidas, outras espécies de baleias visitam a nossa costa, como a baleia-de-bryde (Balaenoptera edeni), a baleia-minke (Balaenoptera acutorostrata e a B. bonaerensis), a baleia-fin (Balaenoptera physalus), a baleia-sei (Balaenoptera borealis) e a baleia-azul (Balaenoptera musculus). Porém, não há muitos estudos sobre estas últimas espécies no nosso litoral, com poucas informações disponíveis.
As baleias são animais muito importantes para o equilíbrio ecológico e são espécies bandeira, que motivam as pessoas a proteger o ambiente marinho. Por isso, novos estudos sobre as outras espécies que ocorrem no Brasil são de suma importância, pois podem trazer novas informações sobre suas populações, distribuição e áreas de reprodução, o que pode incentivar e acarretar na criação de novas áreas de conservação marinhas, que irão proteger essas espécies e todas as que compartilham o mesmo ecossistema.
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Bibliografia
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