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Existe crocodilo que vive em água salgada?

Autores: Camila Santiago, Filipe Guilherme Ramos Costa Neves, Raphaela A. Duarte Silveira e Douglas F. Peiró



Imagem de um crocodilo com a boca aberta sobre uma pedra, aparentemente ele está tomando sol.

Crocodilo-de-água-salgada Crocodylus porosus fotografado em 2007 em Miri Crocodile Farm, Malásia. Fonte: Wikimedia Commons/Bernard DUPONT (CC BY-SA 2.0 DEED).



Existem mais de 7 mil espécies de répteis que vivem no ambiente marinho, mas certamente você não imaginou que dentre essas espécies, uma delas seria um crocodilo. São conhecidos como crocodilo-de-água-salgada, crocodilo-marinho, crocodilo-estuarino ou crocodilo-poroso e nesse artigo você saberá um pouco mais sobre essa espécie.



CROCODILO-DE-ÁGUA-SALGADA


A realidade é que existe uma espécie de crocodilo chamada de Crocodylus porosus que é adaptada a viver em águas salgadas. No entanto, o seu habitat natural são as regiões de manguezais pantanosos e estuários (região de transição entre o rio e o mar). Podem ser encontrados em regiões litorâneas de mar em busca de alimentos, mas seu local preferido mesmo são os manguezais pantanosos, onde ele encontra boa parte de sua alimentação.


Os crocodilos são animais ectotérmicos, pois a temperatura corporal varia de acordo com a temperatura do ambiente em que vivem. Por isso, vivem em locais mais quentes, cujas temperaturas variam entre 25ºC e 32ºC.


A espécie é encontrada nos Oceanos Índico e Pacífico, desde a costa leste da Índia, Myanmar e Tailândia às Ilhas Andaman e Nicobar, sendo mais comum no Norte da Austrália e Nova Guiné.


mapa do Oceano Índico mostrando em destaque amarelo o local de incidência do crocodilo, indo desde a costa leste da Índia, passando por todo o litoral da Indonésia, sudeste da Ásia e margeando toda a costa norte da Austrália.

Local de ocorrência do crocodilo-de-água-salgada, indo desde a costa leste da Índia, passando por todo o litoral da Indonésia, sudeste da Ásia e margeando toda a costa norte da Austrália (Fonte: Lista Vermelha da IUCN).



CARACTERÍSTICAS


Os crocodilos-marinhos são considerados os maiores crocodilos atuais e possuem a mordida com a maior potência entre os répteis, chegando a 1,6 toneladas por cm2.


Entre os animais desta espécie podemos facilmente diferenciar o macho da fêmea pelo seu tamanho, sendo que os machos dessa espécie podem chegar até 7 metros de comprimento e pesar 1.500 quilos, enquanto as fêmeas raramente ultrapassam os 2,5 metros. Eles vivem, em média, até os 70 anos.


A grossa camada de pele, o corpo musculoso e a mandíbula com cerca de 64 a 68 dentes fortes e afiados tornam esse animal um grande predador. Estes animais não mudaram praticamente nada em sua anatomia nos últimos milhões de anos, sendo muito bem adaptados ao ambiente em que vivem.


Fotografia de um crocodilo marinho sobre a restinga de uma região costeira com a boca semiaberta demonstrando seus dentes afiados com o mar ao fundo da imagem.

Crocodilo-de-água-salgada tomando sol e equilibrando a sua temperatura corporal. Fonte: Louis Jones/Flickr (CC BY-SA 2.0).



Nos locais em que são encontrados eles são mais temidos que os tubarões por causa do seu comportamento agressivo, sendo conhecidos por atacar seres humanos.



ALIMENTAÇÃO


São animais com uma dieta 100% carnívora. Quando juvenis, o crocodilo se alimenta de pequenas presas como insetos, crustáceos, anfíbios e pequenos peixes.


Já quando adultos têm uma dieta bem diversificada, como tartarugas, aves costeiras, outros crocodilos menores. Geralmente as presas são caçadas quando estão na beira da água, distraídas. O crocodilo fica esgueirando e espera o melhor momento para que o ataque seja único e fatal.


Ao localizar e capturar a presa, os diversos dentes presentes na poderosa mandíbula a perfuram e a esmagam. Caso a presa seja muito grande, o animal a quebra em pequenos pedaços, executando o movimento de girar violentamente a cabeça, dando um torção no corpo. Toda a ingestão do alimento acontece fora d’água, caso contrário, a boca do animal seria inundada, ocasionando o seu afogamento.



REPRODUÇÃO


A temporada de acasalamento inicia-se entre setembro e outubro e os ovos são postos no período mais úmido dos locais onde ocorrem, compreendendo os meses de novembro até março.


Geralmente são postos entre 40 e 60 ovos, dependendo do tamanho e da idade da fêmea. Quando os ovos são postos, não há sexo definido. Este será determinado pela temperatura em que o ovo encontra-se: se a temperatura estiver até 30ºC, serão fêmeas, porém se houver aumento de temperatura, serão machos.


Os ovos levam em média 80 dias para eclodir e um fato interessante é que a fêmea permanece o tempo todo ao lado do ninho, cuidando da prole até que tenham condições de sobreviver sozinhos, protegendo-os do ataque de predadores. Os principais predadores dos filhotes são pássaros e peixes, mas principalmente, crocodilos maiores.


Em média 80% dos indivíduos morrem ainda no período de incubação (período que o embrião leva para se desenvolver dentro do ovo). Cerca de apenas um por cento da prole chega à maturidade sexual.



CONSERVAÇÃO


O crocodilo-de-água-salgada já esteve à beira da extinção por causa da caça não regulamentada. Porém, desde 1971, passaram a ser protegidos e atualmente estão fora de risco de extinção em escala global. Algumas populações estão ameaçadas, como na Birmânia.


O grande problema para a preservação da espécie é a imagem popular que os animais possuem, sendo, na sua maior parte, uma imagem negativa. Apesar disso, os crocodilos atraem turistas para a região em que habitam.


Em regiões que são habitadas por estes animais, a medida de segurança mais eficaz é manter-se fora d’água e evitar essas regiões na época de chuva, momento em que os animais estão mais ativos pois estão acasalando e cuidando dos ninhos.


O conhecimento sobre os hábitos e locais de incidência da espécie é a melhor maneira de evitar um incidente com esses animais. O número de acidentes na Austrália é muito baixo e isso se deve ao fato dos australianos possuírem um bom conhecimento sobre a biologia dos crocodilos.




Bibliografia


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