Museus subaquáticos: arte, cultura e meio ambiente
- Projeto Bióicos
- 15 de jan.
- 6 min de leitura
Autores: Letícia Vieira Ferreira, Raphaela A. Duarte Silveira, Thais R. Semprebom e Douglas F. Peiró

Mergulhador no Museu Subaquático de Arte (MUSA), em Cancún. Fonte: snackariah/Flickr (CC BY-SA-2.0).
Você sabia que existem museus debaixo d’água pelo mundo? Já pensou que incrível uma experiência que une natureza, arte e cultura? Pois é! Isso já é uma possibilidade em muitos lugares do mundo. A visitação destes locais pode ser feita através de mergulho autônomo (com cilindro), mergulho livre ou então com embarcações com fundo translúcido.
Em 2006, foi inaugurado o primeiro Museu Subaquático de Arte (MUSA) localizado em Cancún, no Caribe mexicano. O local é ocupado por esculturas subaquáticas e além de encantar e atrair turistas de todo o mundo, também servem como recifes artificiais para a vida marinha colonizar e habitar. As esculturas são feitas por diversos artistas, porém Jason deCaires Taylor é um nome que se destaca quando o assunto é esculturas subaquáticas. Taylor é um artista britânico, escultor, ambientalista e fotógrafo que utiliza a arte como ferramenta de expressão, conscientização e forma de ativismo.

Escultura subaquática denominada Coletor de sonhos (Dream collector) exposta no MUSA. Fonte: Andy Blackledge/Wikimedia Commons (CC BY-2.0).
Novas formas de comunicação e de expressão com uma pitada de preocupação ambiental aparecem e ganham espaço na apreciação do público. Neste contexto é que destacamos a importância da arte ecológica que pode ser expressa de diversas maneiras como, pinturas, fotografias, esculturas, videoartes, instalações, poesias, entre muitos outros métodos. Esta arte combina estética, informação, educação e busca promover a conscientização ambiental e envolvimento da comunidade na restauração da natureza.
Entre os muitos pontos fortes da arte, nela também encontra-se a capacidade de apresentar ao espectador novas ideias e pensamentos. Os museus subaquáticos se encaixam dentro deste contexto, levando o espectador às profundezas do oceano. Esse tipo de atração possui obras que propõem aos visitantes momentos de reflexão e tratam de questões atuais, possibilitando também uma integração única da arte humana com a natureza.
MAS… COMO OS MUSEUS SUBAQUÁTICOS PODEM AJUDAR O MEIO AMBIENTE?
Atualmente o nosso planeta enfrenta um período de crises ambientais devido a diversos fatores. Como consequência, observamos habitats sendo destruídos, espécies desaparecendo e mudanças climáticas alterando todas as condições do planeta.
Um dos grandes problemas enfrentados são as mudanças climáticas que causam uma série de consequências e atingem a todos os seres vivos do nosso planeta, inclusive, nós humanos. O branqueamento dos recifes de coral é um problema que ocorre devido ao aumento da temperatura da água do mar, mudanças na acidez, poluição e remoção de espécies-chave, resultando na destruição de habitats marinhos inteiros. Iniciativas para a produção de recifes artificiais são amplamente discutidas, levantando em consideração os pontos positivos e negativos destas instalações, e quando produzidos de maneira adequada, são uma possibilidade de ajuda.
Diante disso, e com a crescente preocupação em relação aos problemas enfrentados, algumas atitudes vêm sendo tomadas na intenção de reverter ou amenizar os impactos negativos. Um dos passos essenciais para que isto ocorra é trazer a consciência ambiental, procurando cada vez mais atingir um ponto de equilíbrio e reconexão do ser humano com a natureza, o que pode ser feito através dos museus.

Exemplo de interação entre uma escultura e a vida marinha no MUSA. Fonte: Scuba Catalog/Flickr (CC BY-NC-SA 2.0).
QUAIS OS IMPACTOS DAS ESCULTURAS AO MEIO AMBIENTE?
As obras de arte de Jason deCaires Taylor são essencialmente recifes artificiais, formados por esculturas manufaturadas e instaladas em vários locais ao redor do mundo. Cada escultura é criada com cimento não tóxico, de pH neutro e livre de poluentes nocivos.
O momento da instalação também é meticulosamente planejado para que não atrapalhe a desova larval dos recifes de coral próximos. Em muitos casos, as esculturas são colocadas longe dos recifes existentes, em áreas de bancos de areia estéreis, justamente para aumentar a diversidade, e também para afastar os turistas dos delicados ecossistemas e corais frágeis dos recifes existentes.
Além da ajuda na conservação e preservação de ecossistemas marinhos, ainda há outros benefícios trazidos pelos recifes esculturais artificiais, como:
Cientistas marinhos participam do planejamento e organização das galerias para garantir que as medidas adequadas estão sendo tomadas e podem estudar e monitorar o desenvolvimento de um ecossistema funcional desde o início até se tornar bem estabelecido.
As galerias subaquáticas podem fornecer empregos alternativos para a comunidade local, como por exemplo, guias para visitações ao museu, condução de embarcações, aulas de mergulho, entre outros.
As taxas de entrada para os parques de esculturas oferecem financiamento crucial para mais esforços de conservação marinha e patrulhas costeiras para fazer cumprir as leis de proteção.
Utilização das galerias como meio de educação ambiental para informar e conscientizar o mundo sobre a saúde do oceano.
Segundo Taylor, estas galerias de esculturas são chamadas de museus por um motivo muito importante. Os museus são locais de preservação, conservação e educação. São lugares onde a humanidade guarda objetos de grande valor, onde os apreciamos simplesmente por serem eles mesmos. Cada escultura individual contém sua própria mensagem pessoal, trazendo reflexões acerca do nosso cotidiano. A beleza das galerias permite que o espectador tenha uma experiência multissensorial, pois ao estar imerso no oceano os sentidos humanos são alterados devido às características da água, fazendo que tenham um gostinho de como é a realidade da vida marinha.

Mergulhador e escultura no MUSA, Cancún. Fonte: snackariah/Flickr (CC BY-SA 2.0).
A INTERAÇÃO NATUREZA-ESCULTURA
Outro fator que faz dos museus subaquáticos únicos é a dinâmica que ocorre entre as esculturas e a natureza. Cada obra de arte ganha vida por meio de sua união com a vida marinha que se liga a ela e se desenvolve. As várias formas de vida completam as esculturas, de forma única. As diversas cores, texturas, formatos e tamanhos são admiráveis, tornando a experiência ainda mais especial.
ONDE ENCONTRAR MUSEUS SUBAQUÁTICOS?
Atualmente, existem museus subaquáticos espalhados pelo mundo, sendo alguns exemplos: Museu Atlântico – Ilha de Lanzarote, Espanha; Museu Subaquático de Cannes – Cannes, França; Museu de Arte Subaquática – Townsville, Australia; Museu de Escultura Subaquática Ayia Napa – Ayia Napa, Chipre; entre outros.
No Brasil, foi inaugurado em outubro de 2021 o primeiro museu subaquático de água doce do mundo. O museu encontra-se instalado na nascente azul, em Bonito, Mato Grosso do Sul, local popular pelo ecoturismo. As esculturas feitas de arame inoxidável e cimento com o pH neutro estão em um lago com aproximadamente 4 metros de profundidade. Para visitá-las é necessário o mergulho autônomo, atividade já feita por lá anteriormente. As obras foram feitas por artistas locais e possuem o intuito de instigar a sustentabilidade e preservação ambiental. O local é de águas límpidas e com rica biodiversidade, o que proporcionará esta incrível interação entre o ser humano e a natureza.

Escultura do Museu Subaquático de Bonito. Foto: Museu Subaquático de Bonito/Divulgação.
Os museus subaquáticos estão se tornando cada vez mais comuns pelo mundo. Essas obras realmente permitem mergulharmos em uma realidade submersa, diferente do que estamos acostumados, tornando possível um contato mais direto com a vida marinha. Estas instalações são uma ferramenta de educação ambiental, peça fundamental para a sensibilização da população sobre a saúde do oceano e a sua importância. Nestes paraísos submersos, ocorre a junção de arte, educação, cultura e meio ambiente. Proposta que quando de maneira responsável e com cuidados para que não cause impactos negativos ao ambiente possui efeitos enriquecedores em diversos âmbitos. Promovendo a interação do ecoturismo, com a comunidade local, com turistas, com a população em geral e também com a participação de pesquisadores, ambientalistas e cientistas. É uma verdadeira mistura e ponto de encontro de questões ambientais, econômicas, sociais e culturais.
Bibliografia
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